Qual o seu preço?

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Hoje em dia tudo tem um preço, até as pessoas. Profissionalmente falando, vender a si próprio é uma questão de estratégia, saber explorar e demonstrar suas qualidades para conseguir um emprego melhor ou fechar um negócio. Nos colocamos um preço, vulgo salário, o qual julgamos corresponder às nossas horas de trabalho, experiência, dedicação e conhecimento.

Em um início de namoro fazemos a mesma coisa, mesmo que inconsciente, sempre somos mais agradáveis, flexíveis, carinhosos e compreensivos, culpa da paixão que distorce nossa visão e deixa tudo lindo. O melhor seria se fôssemos quem realmente somos desde o início, mas por mais que tentemos acabamos sempre sendo mais bonzinhos.

Todo mundo passa por isso, não é enganar ou mentir, são situações que envolvem ou uma negociação ou sentimentos, e ambas fazem com que as pessoas se comportem assim, mais sedutoras.

Mas o que mais vejo hoje em dia, são pessoas que se vendem sem nenhum critério aparente. Seja por um salário alto, uma viagem à praia, um final de semana na serra, um carro, roupas de luxo, conforto etc. Todos queremos tudo isso, é normal, mas a que custo? Vale a pena sacrificar nossos valores, aquilo em que acreditamos, o que achamos certo, em troca de tudo isso? Até onde estamos dispostos a ir?

Só posso deduzir que essas pessoas não têm valor algum, elas têm apenas preço. O que faz sentido, já que não se pode sentir mal sobre algo que não se tem. E não estou aqui para julgar ninguém ou dizer o que é certo ou errado. Talvez essa seja a fórmula da felicidade: submeter-se a tudo o que for necessário para conquistar seu 'pagamento' e sem remorso algum. Nada de conflitos internos, dúvidas e inseguranças.

Verdadeiros camaleões que se adaptam ao cenário e comportam-se direitinho para receberem a sobremesa após cada refeição. Claro que apenas enquanto houver vantagem, a partir do momento em que se perde o interesse parte-se para um novo negócio, vida que segue e está tudo certo.

Tem gente que acha que isso é prostituir-se. Eu discordo plenamente. Uma prostituta encara como um trabalho, não necessariamente um prazer, existem regras e o cliente sabe que é uma negociação, que ele está comprando um serviço. Enquanto os clientes das pessoas que se vendem são manipulados, não sabem que se trata de um 'contrato tácito de compra e venda' onde pagam por uma realidade ilusória, tipo Matrix.

Parando para pensar, burra devo ser eu, que imponho limites, que não consigo ultrapassar certos pontos, manipular o tempo todo, que sou incapaz de certas coisas apenas por me sentir culpada. Devo ser uma fraca por não usar somente a razão, afinal isso seria muito mais inteligente. 

Mas ao invés disso fico me apegando a sentimentos e a pessoas, dou importância para amigos que sempre estiveram ao meu lado quando precisei e agora acho que eles são preciosos, e pior, faria qualquer coisa que estivesse ao meu alcance para retribuir essa amizade.

Meu maior pecado deve ser a empatia, a capacidade de me colocar no lugar das pessoas, me preocupar e respeitar seus sentimentos. Querer que aqueles a quem amo (outro grande erro) estejam sempre bem e felizes. Tolice a minha querer cultivar relacionamentos com o maior cuidado, para que durem o resto da vida, cuidar das pessoas.

O meu erro foi querer me dar valor, ao invés de preço.


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