Alienação Parental

22:45


Meus pai se separaram quando eu tinha sete anos de idade. Lembro que minha mãe conversou comigo calmamente e me explicou que ela e meu pai já não se gostavam mais e que era melhor assim, pois não brigariam mais. Aquilo fez total sentido pra mim. Ela também deixou bem claro que em nenhum momento eu precisava ficar com medo de perder um dos dois, pois ambos eram meus pais e isso era algo que não mudaria.

Eu nunca ouvi meu pai falar algo degradante sobre a minha mãe e nem o contrário, inclusive minha mãe fez questão de sempre frisar: não importava como eles foram enquanto marido e mulher, mas sim como pai e mãe, pois era isso que me dizia respeito. Nunca presenciei discussão entre os dois e muito menos precisei ficar em meio a nenhum tipo de disputa.

Minha mãe perguntou com quem eu gostaria de morar, escolhi ficar com ela. Provavelmente porque acarretaria menos mudanças na minha vida, afinal eu era uma criança, não precisaria mudar de casa nem de colégio ou coisa parecida. Mas sempre puder ver meu pai a hora que tivesse vontade, sem essa de "meu final de semana". Por anos eu ia todos os finais de semana pra casa do meu pai, e se a saudade apertasse poderia vê-lo durante a semana mesmo. Tive total liberdade.

Tudo isso foi muito importante. Eu era uma criança e amava muito os meus pais (amo incondicionalmente até hoje) e, da forma excepcionalmente madura como ambos conduziram a situação, os impactos sofridos foram minimizados. É claro que, por vezes eu ficava um pouco dividida, me lembro em alguns domingos os quais meu pai me levava em casa e eu chorava, não queria ir embora, mas ao mesmo tempo queria estar com a minha mãe, porém nunca quis que os dois voltassem.

Talvez eu tenha sido uma criança madura para a minha idade, mas pra mim não fazia sentidos duas pessoas que já não se gostavam mais ficarem juntas apenas por obrigação, eles mereciam amar e ser amados e seguir rumo à felicidade. A saudade era algo com a que eu podia lidar. Assim sendo, acredito que tive a separação menos traumática que já ouvi falar.

Então me choca, e muito, quando vejo ex-mulheres falando mal de seus ex-maridos para seus filhos, pais negligenciando filhos em prol da 'nova família', dois adultos brigando por seus ressentimentos de forma tão egoísta a ponto de colocar um ser inocente em meio a essa disputa, sem se importar por um minuto com o sofrimento enorme, sem falar no trauma, que causam a essa criança.

Não tenho filhos, mas aprendi com meus pais que esse amor os coloca em primeiro lugar. Como pessoas podem ser tão fúteis a ponto de só enxergar a própria vontade. É claro que separação não é algo fácil, meus pais também tiveram seus problemas, mas se resolveram entre si, tiveram o discernimento de  que eu nada tinha com aquilo.

Meu pedido é que as pessoas se amem mais e, se não puderem, que amem seus filhos acima de tudo. Se você não conseguir superar a separação por si próprio, faça por esse anjo maravilhoso, lute pela felicidade dele. E se a tristeza bater, afogue-se nesse amor que é eterno e está acima de todas as coisas, apoie-se nesse ser que te dá forças para levantar da cama todos os dias.

Com o tempo vai passar a dor, as diferenças serão esquecidas e a convivência pacífica acontecerá naturalmente. Sua vida seguirá o próprio rumo, você vai encontrar a sua maneira de ser feliz e libertar-se de toda aquela mágoa.

Então, por favor, eu peço: amem seus filhos!


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