Sobre a Intervenção Militar

13:24


Até o momento não me pronunciei muito sobre os protestos que ocorrem por aí ou nossa atual situação social, política ou econômica. Não que eu esteja alienada aos fatos, pois, para não sentir o aumento da luz e da gasolina, só se eu andasse de charrete e vivesse à luz de um lampião.

Tenho meus princípios e opiniões políticas, mas não sou de discuti-las, pois, geralmente, as pessoas não sabem se respeitar nesse tipo de conversa, impõem sua opinião e ou te agridem ou tentam te converter se você não pensa igual. Então prefiro guardar para mim e manter uma convivência amigável com as pessoas a minha volta.

Independente de qualquer coisa, achei lindo o povo na rua lutando por aquilo que acredita, por seus direitos, pelo país e, melhor ainda, pacificamente, mais organizados do que há quase dois anos atrás, quando surgiram os primeiros movimentos.

Uma coisa, porém, não me permite ficar quieta. Um desejo, de alguns protestantes, eu não consigo respeitar: aqueles que clamam pela intervenção militar baseados no golpe de 1964. Gente, vocês não podem estar falando sério.

Penso que essas pessoas só podem ter sido abduzidas durante as aulas de história do colégio e que são completamente alienadas a esse assunto, nunca falaram disso com seus pais, avós, conhecidos e pensam que foi apenas um regime rígido, tipo colégio militar.

Essas pessoas só podem ignorar o fato de que não houve nenhum tipo de liberdade de expressão, de que a situação do país era totalmente mascarada e as informações publicadas eram manipuladas e distorcidas, sem contar em todas as pessoas torturadas, exiladas, mortas cruelmente ou até mesmo 'desaparecidas'.

Eu conheci pessoas que viveram nessa época e sofreram suas consequências e impactos. Rebeldes? De forma alguma, corajosos guerreiros! Enfrentaram o monstro para que pudéssemos ter uma vida digna, perderam entes queridos, sentiram dor e têm pesadelos até hoje. Portanto, brasileiros pedindo intervenção militar, em uma comparação esdrúxula, e dadas as devidas proporções, é como alemães pedindo 'intervenção nazista'.

Me odeie por isso se quiser, mas, se for o caso, não perca seu tempo me expurgando. Sou inflexível nesse ponto, me sinto profundamente ofendida com esse pensamento exposto em algumas faixas e cartazes pelo país, perco um pouco da minha fé na humanidade diante disso. Que tipo de pessoa é essa, que deseja todo esse mal novamente?

Proteste contra o governo, sim! Exijam reforma política, mas não enlouqueçam, não percam a sanidade em meio a todo esse caos. Ou você acha que a sua putariazinha no whatsapp vai ser a mesma? Que essa coisa de falar o que quer vai existir? Você acha que terá direito a opinião ou de decidir sobre sua própria vida? E sabe as pessoas que você ama? Poderão sumir de uma hora para outra sem nem ao menos terem um funeral digno. Se em 1964 eles já espionavam tudo, imaginem com a tecnologia que dispomos hoje.

Exagero meu? Nem comecei a falar!

Se vocês querem intervenção militar, eu quero intervenção psiquiátrica. Desejo aulas de história grátis para essas pessoas que, aparentemente, esqueceram o que aprenderam no colégio.

Mas desejo, profundamente, que, parafraseando Chico, afastem de mim esse cálice. 











You Might Also Like

0 comentários

SUBSCRIBE

Like us on Facebook